Recebi o texto abaixo com pedido de publicação. A realidade que a colega aponta é comum em muitas conversas nossas com o pessoal do hospital, um pessoal judiado pela administração.
Eis o texto.
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Olá a todos. O Brasil que eu quero para o futuro, não é uma campanha estúpida e politicamente correta feita por uma emissora que é um dos piores veículos de comunicação da nossa época.
Sou técnica de enfermagem e por motivos óbvios não irei me identificar. Trabalho com enfermagem desde 1999, e apesar de amar o que eu faço, infelizmente nossa categoria não é devidamente valorizada, em partes pelo governo e população, e em partes, por culpa de profissionais da própria categoria.
O Brasil que eu quero para o futuro, é um lugar onde o Conselho Regional de Enfermagem (COREN), nesse caso o COREN – MG, faça realmente algo de bom e de produtivo pelos profissionais legalmente inscritos, além de cobrarem anuidades e nos ameaçarem quando as mesmas estão em atraso, com títulos protestados em cartórios.
O Brasil que eu quero para o futuro é com um COREN-MG que realmente fiscalize tudo, inclusive as péssimas condições de trabalho em que realizamos nossas atividades, principalmente dentro do serviço público. O Brasil que eu quero para o futuro é com um COREN-MG que apure, investigue e tome providências em relação aos atos de ilegalidade, abuso de poder e assédio moral que passamos todos os dias nas mãos de supervisoras de enfermagem e médicos.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde minhas colegas de trabalho se lembrem que somos a maior força de trabalho do hospital do IPSEMG e que juntas somos mais e podemos qualquer coisa.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde minhas colegas de trabalho entendam que trabalho em equipe é quando uma ajuda a outra, ao invés de falar mal dos colegas pelas costas, para tentar se promover com médicos e supervisoras, não por mérito, mas pela calúnia e pela mentira.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde minhas colegas de trabalho deixem de ser burras, achando que são mais inteligentes que os outros e parem de reclamar de tudo, botar defeito em tudo, achando que a opinião delas é uma verdade absoluta e inquestionável. Pessoas inteligentes, só abrem a boca para falar quando tem certeza do que dizem.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde a enfermagem crie consciência de unidade e corporativismo, para que possamos ser valorizados, respeitados e levados a sério assim como os médicos e advogados são não só pela categoria, bem como pela sociedade de forma geral.
O Brasil que eu quero para o futuro, é piso salarial nacional para a categoria, com remuneração justa e que seja cumprido por hospitais particulares e públicos.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde as 30 horas semanais para enfermagem seja lei e que seja cumprido por hospitais particulares e públicos.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde recebendo um salário justo, eu não tenha que me matar de trabalhar em 2 ou 3 lugares e fazer horas extras para complementar minha renda deixando meu marido e meus filhos abandonados, distante da convivência comigo.
O Brasil que eu quero para o futuro é um lugar onde minha profissão seja não só bem remunerada, mas reconhecida com uma carga horária reduzida, uma vez cuido de vidas humanas e não posso cometer erros, pois um erro pode se transformar em uma sequela permanente ou até mesmo matar o paciente.
Sou apenas uma técnica de enfermagem, mas não é preciso ter curso superior que na minha profissão existe muito trabalho, muita responsabilidade, muita pressão e pouco reconhecimento e remuneração.
Atualmente trabalho em 2 hospitais, um público, onde sou concursada e tenho carga horária de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, e outro particular com a mesma carga horária.
O salário dos 2 hospitais é péssimo. Mas o do hospital público é mais baixo. O hospital público para trabalhar é muito pior. Falta material, equipamentos sucateados, colegas que acham que podem mais que você pois estarem no serviço público há mais tempo. Supervisoras de enfermagem que cobram de você que você tenha a mesma competência que teria se estivesse em um hospital particular, porém sem te oferecer a estrutura e o suporte que um hospital particular te oferece.
Aí quando você fala que não é possível realizar as tarefas por falta de equipamentos ou materiais para tal, elas te avaliam de forma negativa alegando que você não sabe trabalhar sob adversidades.
Poxa! Me mato de trabalhar sou educada e bem humorada com todos e os únicos elogios que recebi até hoje no serviço público foram de pacientes e acompanhantes. As supervisoras, se você faz uma coisinha de nada errada, se você atrasa 2 minutos, já chamam para conversar. Mas se você trabalha por 2 porque o colega faltou de serviço, não tem um elogio, o máximo que eu já escutei foi “você é paga para isso!”.
Aí, quando vejo colegas totalmente desestimulados para trabalhar, muitos em casos de depressão, que ocasionam em licenças médicas, ainda tenho que ouvir de outras “colegas” de trabalho, verdadeiras víboras, que a pessoa está de piti, ou então que vive de atestado!
Curiosamente, essas “colegas”, sempre são péssimas de trabalho, fofoqueiras, acham que são as sabichonas, sendo que a maioria delas nem escrever direito sabe. A única coisa que sabem fazer é falar mal dos colegas, botar defeito em tudo e sempre que alguém tem uma ideia, de duas uma; ou desestimula a pessoa falando que não vai dar certo, ou então rouba a ideia da pessoa de forma descarada apresentando para a chefia como se a ideia dela fosse.
Assim, fica muito difícil manter harmonia dentro de um setor. Já pensei em sair do serviço público, mas não posso. Com o salário de um só e do meu marido não dá. Pago aluguel e não tenho coragem de deixar meus filhos passarem necessidade.
Tenho muita fé em Deus que algum dia, iremos conseguir 30 horas, com um piso salarial nacional com um valor justo para enfermagem.
Se conseguirmos isso, poderei comprar uma casa, sair do hospital particular, ver meus filhos crescerem, passar mais tempo com meu marido, passar mais tempo com minha família, que sempre reclama que eu sou casada com o trabalho.
Em relação às colegas, oro e peço muito a Deus, que as ajude, para que elas criem consciência que não é falando mal, ferrando os colegas, botando defeito em tudo e reclamando de Deus a da terra que vamos conseguir as coisas.
Se quisermos respeito, antes de tudo temos que nos respeitar em primeiro lugar, tomarmos uma postura. Nunca seremos respeitados se não tivermos uma postura de respeito, união e solidariedade dentro da nossa categoria.
Então colegas, ponham a mão na consciência, pensem um pouco. Esqueçam as diferenças, vamos todos caminhar na mesma direção, com o mesmo objetivo em mente.
Esse é o Brasil que eu quero para o futuro!
M.
Técnica de Enfermagem do Hospital da Previdência
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