Ser voluntário
significa estender a mão a alguém abandonado pelo Poder do Estado. Sempre que
uma pessoa não consegue acesso às necessidades básicas para sua sobrevivência e
de sua família, o Poder Público deve intervir para amparar seu cidadão até que
ele consiga se reerguer e retomar o rumo de seu destino, por seus próprios
meios.
Ocorre que, por motivos diversos, a maior
parte da população não consegue sobreviver sem ajuda do Governo. Não se trata
de uma situação provisória, em que alguém precisa de ajuda. É uma condição
permanente da maioria das famílias brasileiras a necessidade de amparo estatal.
Daí o excesso de ações paternalistas do
Estado que, entendo eu, ferem a dignidade do ser humano.
E o que é ser digno?
Foi no Google que encontrei a melhor
definição de “dignidade”: qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio
valor; honra, autoridade, nobreza.
Que valor possui o cidadão que não consegue
nutrir as necessidades básicas para sua sobrevivência e de sua família?
Honradez, de modo geral, reside na capacidade da pessoa em cumprir seus deveres
de acordo com o papel que lhe é estabelecido na família, na comunidade, na
sociedade.
Quando não cumprimos tal papel, perdemos
muito de nossa autoridade, de nossa honra, de nosso valor. Assim, faz parte do
projeto de recuperação da dignidade da pessoa humana a restauração de sua
capacidade de sobrevivência, afastando-o ao máximo do paternalismo assistencial
do Governo.
Como restaurar a dignidade da pessoa?
É nessa linha que atuam muitos voluntários:
capacitando pessoas a buscarem condições dignas de sobrevivência, dentre
outros, por meio do acesso a informações (palestras), capacitando para o
trabalho (cursos a baixo custo), amparando nas adversidades (alimentação,
saúde, etc).
Mas pessoas sozinhas, trabalhando de graça,
não conseguem ajudar muitas outras pessoas. Por isso, a necessidade de nos
reunirmos com outros que tenham o mesmo ideal, a mesma vontade de ajudar, para
que se consiga uma estrutura de atendimento e apoio.
E assim surgem as associações, as chamadas Ongs ou Organizações Não
Governamentais, entidades particulares, sem fins lucrativos, que reúnem pessoas
cheias de vontade de mudar o mundo pra melhor.
Se é serviço voluntário e entidade sem fins lucrativos é tudo de graça?
Importante ressaltar que os serviços
prestados por voluntários e Ongs possuem custos que devem ser ressarcidos. São
gastos com aluguel e estrutura de local de atendimento, compra de material para
cursos e treinamentos, pagamento de profissionais e outros.
No caso das Ongs, não ter fins lucrativos
significa que ela não pode remunerar
o trabalho de seus diretores quando estes estiverem administrando a associação,
caso não possuam dedicação exclusiva. Toda a renda obtida deve ser empregada na
própria entidade ou nos serviços que ela presta.
Os voluntários, pertençam ou não a uma Ong,
também não podem ser remunerados, mas podem receber uma ajuda de custo, para
passagens, alimentação e material. As Ongs ainda podem contratar pessoas, como
funcionários ou autônomos, e estes sim, devem receber pelo trabalho que
realizarem, pois não são voluntários, mesmo exercendo uma função humanitária.
Por isso, em razão da necessidade de manter
a associação, de comprar material e de remunerar alguns profissionais, as Ongs
podem cobrar pelos serviços prestados.
No voluntariado a responsabilidade é menor?
Também vale lembrar que a responsabilidade
do voluntário não diminui pelo fato de não ser remunerado pelo seu serviço. É
necessário cumprir todas as regras estipuladas: horário de trabalho,
periodicidade e os exatos termos da tarefa a ser desenvolvida, sob pena de
aplicação das punições previstas no Termo de Adesão ao Serviço Voluntário,
sem prejuízo das penalidades previstas em lei.
Então, o voluntariado e as Ongs vão mudar o mundo?
Como já falei, o voluntariado tem por objetivo mudar a realidade das pessoas, para
melhor. Mas, mesmo que todas as entidades e pessoas dedicadas se reúnam, não
serão capazes de fazer evoluir nossa sociedade se não encontrarem em nós
terreno fértil que acolha a sementinha da mudança.
Sei que é clichê, batido, mas não há como
dizer isso de outra forma. Para que haja mudança, é preciso querer, é preciso
ter esta necessidade. Ainda que não se saiba como, a vontade de mudar tem que estar latente nas pessoas.
Por isso, costumo dizer que não, o
voluntariado e as Ongs não vão mudar o mundo. Nós é que vamos fazer isso. Todos
nós. Esse papel é nosso, não é exclusividade de quem faz algum trabalho humanitário. Se dentro de
nossa casa conseguirmos instituir posturas éticas, já estaremos ajudando muito.
Se conseguirmos nos organizar na comunidade onde moramos, trabalhando além da
ética, a consciência social e/ou política, uau!, é grande passo.
Para um mundo melhor, é preciso acender a
luz que pulsa em nós (mudança de postura) e iluminar (trabalho humanitário)
quem ainda vive no escuro.
Muita luz pra todos nós!
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Texto republicado com nova formatação
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