Não há um só dia em que eu não me depare no
Facebook com compartilhamento de notícias falsas.
Num mesmo dia, quando comecei a escrever
este texto, foram duas: a primeira, sobre um bebê que teria ficado cego por
causa do flash da câmara fotográfica; a segunda, sobre fotos que mostram a
retirada de uma larva imensa do olho de alguém, que seria protozoário de
toxoplasma.
Ambas facilmente identificadas como
notícias falsas, por meio de uma rápida busca no Google. E mesmo alertando as
pessoas sobre a falsidade das informações por elas divulgadas, nenhuma apagou o
post ou sequer alertou o perfil de onde compartilhou a notícia.
Como nem todo mundo lê comentários, mesmo
estando claro que se trata de mentira, muitos desavisados continuarão a propagar as falsas publicações.
Compartilhamentos
O compartilhamento nas redes sociais é a
melhor de forma de não fazer nada, fingindo que faz. Claro que há honrosas
exceções, mas a coisa passou dos limites.
Você se consola divulgando pedidos de ajuda
e promessas de cura e pouco se importa
com a veracidade da situação, afinal, se é falso, você também foi vítima,
pois acreditou naquilo.
Mas não é bem assim! Temos o dever de averiguar toda informação que
divulgarmos e se não fizermos isso, corremos o risco de agir de maneira
ilícita, juridicamente falando.
Mesmo que nossa conduta não seja
considerada crime, pode ser considerada ilícita, por causar prejuízo a alguém. E
se assim for, seremos obrigados a reparar o mal que fizemos, mesmo que ele não
tenha partido de nós, isto é, mesmo que tenhamos simplesmente replicado a
informação, sem a devida cautela.
E há ainda um dano que considero pior: de
tanto ler mentiras compartilhadas por gente sem bom senso, paramos de dar
importância às publicações replicadas. Por consequência, aquilo que é sério e
verdadeiro acaba passando desapercebido
por nós
Pesquisa
Eu sempre pesquiso antes de compartilhar publicações que não sejam dos sites de
notícias nos quais confio.
Você não faz isso? Melhor começar a se
precaver. Quando considero a notícia importante e não conheço a fonte de onde
ela partiu, faço uma pequena pesquisa. Se não consigo descobrir nada a
respeito, não divulgo.
Em 2013, a Justiça de São Paulo condenou duas mulheres a indenizar um
médico veterinário por terem compartilhado a falsa notícia de que ele não teria
prestado atendimento adequado a uma cadela recebida para castração.
Posteriormente, foi comprovado que a postagem era mentira. A Justiça entendeu
que o compartilhamento denegriu ainda mais a imagem do profissional, condenando
as acusadas ao pagamento de 20 mil reais, cada, pelos danos morais causados ao profissional
Também é comum este tipo de situação que
estimula a violência. E muita gente tem a vida destruída pela divulgação de
informações falsas ou exposição de sua privacidade.
Quem causou tanto mal ou contribuiu para
isso, responde judicialmente por sua atitude.
Curtidas
E o problema não se restringe ao compartilhamento.
Quando nós curtimos algo, aumentamos o alcance da postagem, pois ela é
divulgada no perfil de quem publicou e no de quem curtiu.
Por isso, alguns juízes entendem que mesmo
não compartilhando, quem apenas curtiu também é responsável pelo efeito danoso da publicação.
Consequências
Pare e pense: aquele pedido de orações para
uma criança deformada que você compartilhou, foi solicitado pelos pais dela? E,
não tendo sido solicitado pelos pais, sabia que você está constrangendo o menor
e seus familiares? Isto é crime!
E aquela foto que você compartilhou de um
homem que estuprou uma menor? Foi retirada do site da polícia? Não? Então como
você sabe que ele cometeu o crime ou se não se trata de uma vingança de alguém
que quer denegrir o moço?
Se ele não tiver sido julgado e condenado,
a divulgação leva as pessoas a condena-lo moralmente. Se tiver havido um engano
e não for ele o estuprador, você vai ficar sabendo? Conseguirá “limpar a barra”
do acusado injustamente? Seu compartilhamento fez muito mal a alguém e você
deve indenizá-lo por isso.
E os vídeos pedindo ajuda para identificar
e encontrar a pessoa que está cometendo um crime? Porque quem filmou já não fez
isso? Você realmente acredita que quem filma não tem como tomar as providências
adequadas? Não poderia então ter chamado a polícia imediatamente? Omissão
também é crime.
Enfim, não importa quantas pessoas
compartilharam ou curtiram antes de você, seu grau de responsabilidade não será
diminuído.
São tantos os exemplos que poderíamos dar
de publicações que não devem ser compartilhadas, que não caberiam numa página.
Elas se referem desde acusações de cometimento de ações criminosas até
divulgação de fotos íntimas, passando por erros de profissionais e até receitas
medicinais que podem fazer mal.
Fica a dica! Se ao compartilhar ou de qualquer
forma divulgar notícias falsas ou expor a intimidade da pessoa você causar
prejuízo ou constrangimento a alguém poderá ser obrigado a indenizar o ofendido
em danos materiais e morais.
Então, antes
de compartilhar, pesquise. Se não tiver certeza de que não se trata de um
trote, não divulgue. E se ainda assim, divulgar algo que depois souber ser
falso, apague o post e comunique a pessoa de quem você compartilhou a
publicação.
Não se trata apenas de se preservar. Esta é
a conduta ética que se espera de quem
faz uso de redes sociais com boa-fé. E é a boa-fé que deve estar sempre
presente em todas as nossas ações, sendo nossa principal arma de defesa moral e
jurídica.
Muita luz para todos nós!
Agora que você já sabe os cuidados que precisa ter com compartilhamentos e curtidas, clique aqui e veja como a fofoca surgiu na história da humanidade.
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