Precisamos falar sobre suicídio


No programa Conversa com Bial que foi ao ar dia 26/04/2018, o apresentador recebeu o psiquiatra Neury Botega, o jornalista, escritor e voluntário do CVV André Trigueiro e o sargento Diógenes do Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo, para falar sobre suicídio.

O psiquiatra apontou que a genética do suicídio está relacionada à impulsividade, à depressão e à bipolaridade, todos eles fatores hereditários. Segundo ele, com o aumento expressivo da dependência química, tais fatores também cresceram, potencializando as situações de auto-extermínio.

Além disso, ele explica que não há um motivo para o suicídio. O que ocorre na verdade é resultado de diversos fatores e, por isso, não há que se falar em culpa ou fator determinante. Botega desmente a estatística da OMS, segundo a qual 90% dos suicídios poderiam ser evitados, por serem causados por transtornos mentais. Isso porque o transtorno por si só não leva ao ato extremo. É preciso que ocorra outro fator como a impulsividade, a chantagem emocional, a desesperança ou a agressividade. Inclusive, não são raros casos de suicídio entre quem não apresenta nenhum tipo de sofrimento mental.

Alerta ainda sobre a ameaça de suicídio. Ela não deve ser desprezada, apesar de configurar mera chantagem emocional, pois num momento de raiva e vontade de agredir o outro, o chantagista pode sim cometer o ato.

Todos os entrevistados foram unânimes em dizer que, ao interagir com quem demonstra vontade em se matar, devem ser evitados conselhos, apontamentos religiosos, críticas, moralismos ou auto-heroísmo. Apenas ouça e informe ao tentante (do suicídio) que se matar não é a única saída, que existem outros caminhos para a solução e que você está disposto a ajudá-lo a encontrar a saída que melhor que se aplica.

Neury Botega disse que há crescimento importante de casos de suicídio na faixa etária do final da adolescência.

O jornalista André Trigueiro indicou que há diferença entre depressão e estado depressivo, sendo que nesta último caso não há sofrimento mental, enquanto patologia. Ressaltou a importância do desabafo na prevenção do auto-extermínio, quando não há patologia mental associada. Repito: quando há transtorno mental, o desabafo não tem grande importância como fator de prevenção.

O sargento Diógenes faz um trabalho interessante no resgate de tentantes. Se antes, o objetivo era tirar a pessoa daquela situação, atualmente busca-se impedir nova tentativa. Isso é feito com o chamado resgate  humanizado, quando o profissional, militar ou não, ouve e compreende o ambiente interno de quem está em vias de suicidar-se. A preparação para este tipo de resgate envolve o reconhecimento de 3 tipos de abordagens diferentes, de acordo com o perfil do pretenso suicida: agressivo, depressivo ou psicótico.

Por fim, foi informado a necessidade de oferecer suporte aos familiares de quem suicidou-se, chamados sobreviventes de suicídio. O CVV tem um grupo de apoio para estas pessoas.

Fui voluntária do Centro de Valorização da Vida - CVV, entidade que há mais de 50 anos atua com prevenção de suicídio no Brasil e, se eleita, atuarei no fortalecimento do Centro que conta apenas com doações e ações voluntárias. 



Vote Adriana Fernandes, 44544, para deputada estadual.

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