Lideranças

Então, há algumas semanas comecei a falar sobre lideranças. Dizia eu:
“Acompanhe meu raciocínio. Trinta e nove mil votos. É gente demais da conta. E você é um deles. E por causa disso, num determinado momento precisa procurar o político e reivindicar algo. Mas... Será que político tem que atender os eleitores e acatar cada uma de suas reivindicações. Se você respondeu “sim”, largue agora esse texto e vá comer algo! Só pode ser fome, essa falta de raciocínio! Não acredito que você pense que alguém consiga lidar com 39 mil eleitores, um por um; com reivindicações oriundas desse tanto de gente. Já ouviu falar em lideranças? Antigamente a gente chamava de cabo eleitoral. Mas não é um termo justo. São na verdade, lideranças.”

Pois é, da mesma forma que um candidato não consegue expor seu plano de trabalho para milhares de pessoas, também não conseguirá atende-las, uma a uma, depois de eleito. Por isso, as lideranças possuem papel fundamento na política. São pessoas que se destacam por possuírem mais disponibilidade para ouvir seus pares, seus amigos, seus vizinhos, seus colegas de profissão. É alguém que se sobressai por possuir mais facilidade para buscar solução para os problemas de um determinado grupo de pessoas.

As lideranças conhecem os problemas daquela comunidade e conhecem os caminhos para solucioná-los. E ninguém melhor que o líder para cuidar daqueles casos que possuem particularidades. Ele te conhece, conhece o contexto daquela comunidade, daquela profissão, daquilo que une aquele grupo. Ele sabe quando pode cuidar das reinvindicações de modo generalizado e quando, quem, e porque precisa dar um atendimento diferenciado, a alguém.

No meu trabalho, temos uma liderança sindical. Alguém que é nosso elo com o sindicato. No meu prédio, nosso síndico é uma liderança na vizinhança e nos mantém informados sobre o andamento de nossas reivindicações junto à Prefeitura, sobre as ações da Polícia Militar em nosso bairro e tudo que diz respeito à nossa região.

Precisamos aprender que unidos somos mais. Ainda que sozinho cada indivíduo tenha seu valor, quando aliado a quem está num mesmo contexto sua força mais que dobra. E falando sobre eleições, maior a importância de um líder. O político tem mais compromisso com uma liderança, porque ele representa a vontade da maioria. Um eleitor procurar um político e fazer uma reivindicação para sua rua é uma coisa. Uma liderança, um representante de dezenas ou centenas de pessoas, é outra coisa. Porque se apenas uma pessoa pede, pode ser que o resto dos moradores priorize outra coisa. E quando se trata de liderança, significa um consenso entre o grupo. E daí se conclui que mobilizados somos mais. Por isso, a importância de associações de bairro, de representantes sindicais, de representantes em conselhos. Mas escolha de representante implica em abrir mão de tanta coisa, mas tanta coisa, em função do bem comum, que ninguém está disposto. É puro exercício de democracia. Mas como exercer o poder democrático (poder do povo pelo povo), quando nunca enxergamos além de nosso umbigo? Quando torcemos para tudo desmoronar, apenas para provarmos que o nosso candidato faria melhor que aquele que você elegeu?

Democracia é o exercício do poder pelo povo. E exercício de poder popular é todos nos unirmos em prol de um bem comum. E bem comum é aquilo que a maioria decidiu como tal. Assim, hoje, eu fui vencida, a maioria da vizinhança, na reunião da associação do bairro, decidiu pela obra X e não pela obra Y, que eu defendia. Ok! Tenho por obrigação apoiar esta decisão e acatar todas as atitudes que a liderança eleita tomar para pleitear a obrar nos órgãos públicos. Amanhã será o inverso, outros vencidos me ajudarão na obra que agora consegui apresentar como prioridade. É assim, qualquer outra coisa que não seja apoio à decisão da maioria é sabotagem. E sabotagem é indigno! É anti-democrático! É ditatorial!

Essa noção de democracia é fundamental para compreendermos a importância da necessidade do estabelecimento de confiança no representante eleito/escolhido.

E com tudo isso em mente, nestes tempos de eleições, procure seu representante e questione quem é o candidato da sua região, do seu bairro, quais reivindicações foram levadas a ele e que resposta ele deu sobre elas. Não é você quem tem que “correr atrás” de compromisso de candidato, é a liderança local. É a ela que você deve pressionar e é ela que você deve ouvir. E se não se sentir representado, promova nova escolha. Democracia é isso.

Sem mobilização não há força! Uma andorinha só faz verão? A música diz que não! E a realidade comprova isso.

Mas a preguiça não deixa, né, gente?! O sofá é sempre mais gostoso que reuniões de associação de bairro. Tudo bem, direito seu. Mas, por favor, vá na reunião de fundação da entidade. E se não quiser participar mais, ao menos tenha a dignidade de apoiar as decisões que forem tomadas e confiar nas lideranças eleitas, sejam elas quais forem. Questão de honradez! Para questionar e criticar tem que participar de todas as reuniões. O correto seria colaborar, mas se não atrapalhar já tá bão demais da conta.

Estamos em ano de eleições. Mobilize-se! Procure as lideranças em sua comunidade e informe-se sobre os candidatos indicados e a proposta deles para os problemas locais.  Não votar, votar em branco ou anular seu voto e disseminar este tipo de atitude pode deixar sua região sem vereador sensível aos problemas do lugar. Agindo assim você não acaba com os problemas da má política. Agindo assim você apenas dificulta a busca de solução para os problemas de sua localidade.

Muita luz para todos nós!

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