Há alguns
dias contei no Facebook o que passei no prédio onde resido, quando uma jovem
aproveitou a ausência dos pais e chamou a galera para uma festinha, com muita
bagunça e barulho que seguiu madrugada a dentro.
Nosso
síndico é contratado e interfonou às 23 horas para a unidade da festa, exigindo
silêncio. Mas não foi atendido e a algazarra continuou depois que ele foi
embora. Achei por bem ter tolerância, afinal, isso não acontece todo dia e não
custa colaborar com alguém que talvez estivesse comemorando um aniversário ou
qualquer outra coisa. Mas o tempo foi passando, outros vizinhos se exaltando, o
porteiro sem conseguir contato com a unidade, por terem tirado o interfone do
gancho, e então resolvi interferir. A polícia veio a primeira vez, chamada por
um morador, e exigiu silêncio. Apesar do absurdo de terem sua autoridade
questionada, relevaram. Os jovens estavam bêbados e sempre que um deles se
exaltava com os militares, eram contidos pelos amigos. Eram 2:20 horas. Mal os
policiais foram embora começou tudo de novo. Esperei cerca de 30 minutos e como
o barulho não cessou, voltei ao apartamento, mas não quiseram me atender. Então
disquei 190.
Os
policiais retornaram, desta vez em maior número. Ao confirmarem que o barulho
continuava em grande intensidade, foram mais firmes. Já eram 3 horas da manhã. Novamente,
alguns jovens se exaltaram e foram contidos por outros. Porém, sendo novamente
questionados sobre a autoridade que possuíam para fazer cumprir a lei do
silêncio, o sargento que estava no comando exigiu que todos saíssem do imóvel e
entregassem seus documentos, para averiguação.
De
início, os jovens foram entregando seus documentos, porém, aqueles que já
tinham se exaltado antes, insistiam em menosprezar e desacatar as ordens
policiais. O resultado foi voz de prisão, resistência, uso de força física,
muito grito, muita confusão e todo mundo na delegacia: eu e um vizinho como
solicitantes e 17 jovens indiciados pelo crime (contravenção) de perturbação do
sossego, sendo 3 deles presos por desacato. Saímos de lá às 7:30 horas, intimados para audiência criminal a ocorrer em
abril. Achei o máximo já sair da delegacia com processo em trâmite!
Achei
melhor ainda quando vieram me contar que, ao chegar do trabalho enquanto
estávamos na delegacia, a mãe da moça que emprestou o apartamento para a
festinha informou: “Que bom que isso aconteceu! No outro prédio onde morávamos
ela tava mal acostumada, porque os vizinhos só reclamavam e não tomavam providências”.
Por
isso, quando a Dani Melote me pediu um texto sobre o que fazer quando um
estabelecimento comercial incomoda a vizinhança com excesso de barulho, a
primeira coisa que pensei foi: agir! Tomar providências! Agir de cara, sem
tolerância.
Não foi
agradável passar a madrugada acordada tentando fazer o pessoal diminuir a
barulheira e depois ainda ir para delegacia e, por fim, ter que comparecer a
uma audiência judicial. Mas é necessário! E, na maioria dos casos, eficaz.
A
legislação divide o dia em períodos e limita cada período a um número x de
decibéis máximos. Decibéis é a unidade pela qual se mede o volume, a altura do som.
Mas nem vou discorrer sobre isso aqui, pois na maioria das cidades, a polícia
não tem o equipamento que mede os decibéis e a fiscalização, que tem tal
aparelho, raramente, raríssimamente, rarissississimamente funciona na
madrugada.
Incômodos
também ocorrem durante o dia. É um mito a ideia de que se pode fazer barulho
até às 22 horas. Como falei, cada período do dia tem um limite de decibéis e
ultrapassado este limite, providências podem ser tomadas para fazer parar o
barulho.
Enfim,
a Dani quer saber o que fazer. O que fazer quando um bar, por exemplo, está
tirando o sossego da vizinhança.
Chamar
a polícia. Nada de tolerância! No primeiro incômodo, chame a polícia e peça o
registro da ocorrência. Mesmo que você precise ir pra delegacia e passar a
madrugada lá. No dia seguinte, pegue cópia da ocorrência, procure a
fiscalização do seu Município e denuncie. Eles devem verificar se o ambiente
possui autorização para tocar música, se possui vedação acústica (para quem tem
autorização para música após as 23 horas) e se está com os alvarás em dia.
Importante ressaltar que, mesmo tendo autorização para som ao vivo, o limite de
decibéis deve ser respeitado.
Pode
acontecer da polícia não comparecer ou demorar demais. Reclame na Corregedoria.
Pode
acontecer da fiscalização demorar a verificar o local. Reclame na Ouvidoria da
Prefeitura.
Pode
acontecer da polícia vir, fiscalização comparecer, e o estabelecimento
continuar incomodando. Chame a polícia novamente. Vá à fiscalização de novo.
Grave tudo, peça aos vizinhos para endossarem sua reclamação, mas repita todos
os procedimentos. Se quiser, ser mais ágil, contrate um profissional (engenheiro)
que meça os decibéis e ajuíze uma ação contra os causadores do barulho, para
que o juiz faça cessar o incômodo, sob pena de multa diária.
É
trabalhoso, sim, mas é melhor que você ficar eternamente à mercê de quem não te
deixa descansar.
Se o
barulho vier de vizinhos e não de estabelecimentos comerciais, é até mais
fácil, pois não exige a fiscalização. Porém, neste caso a tolerância deve ser
mais elástica. Afinal, uma vez ou outra, alguém comemorar algo faz até bem pra
saúde, hehehe. Mas se for aquele vizinho que dá festa todo final de semana, aí
não! Pode até tolerar na primeira vez, mas na segunda, tome as providências de
imediato, sem qualquer tolerância. E não fique a madrugada inteira esperando atenderem
seu pedido. Chame logo a polícia. No caso que eu contei, que aconteceu no
prédio onde moro, como esperamos muito para chamar a polícia, todos já estavam
muito bêbados quando os militares vieram para por fim na baderna. E com gente
tonta, bêbada, a confusão é certa.
Então,
é isso: se alguém incomodar seu sossego, prepare-se psicologicamente para uma
trabalheira danada, mas com a certeza de que vai valer a pena, e chame a
polícia imediatamente. Não espere as pessoas se embebedarem e criarem confusão
que pode vir acabar em tragédia.
Agora,
se você é como uma vizinha minha aqui, que reclama até das idas de outro
vizinho ao banheiro, já que o barulho da descarga a incomoda, fia, te catá, né,
nega!!! Junte um dinheirinho e coloque isolamento acústico no seu apartamento.
Poupe a vizinhança de seus xiliques! De outro lado, tinha um idoso aqui que
tocava piano e isolou sua unidade para não incomodar os outros. Um fofo!
É isso,
cada um que dê seu jeito para não incomodar e para não ser incomodado. O importante
é saber que você tem que agir mais que reclamar.
Muita luz para todos nós!
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